quarta-feira, 7 de maio de 2008

UM PAULISTA EM BH

Depois de quatro décadas morando no estado de São Paulo, vivo hoje na (bela) capital mineira. Felizmente a tecnologia nos garante a proximidade através da Internet, assim a gente não perde os laços com os amigos.

Na verdade, nunca me esqueço da minha querida Cruzeiro. Primeiro que meus pais e irmãos continuam morando aí, mas o fato de ter aqui um time de futebol com o mesmo nome da cidade, tem me rendido um bom IBOPE.

Acreditem se quiser, até a placa do meu carro (que continua sendo de Cruzeiro) já tentaram roubar como souvenir.

Nesse pouco tempo em Belo Horizonte pude perceber (agora bem de perto) algumas peculiaridades dos mineiros, que até merecem comentários:

Por exemplo: a cidade tem um quarto da população de São Paulo (capital) e também é bem menor, mas o trânsito aqui é muitas vezes pior do que o da capital paulista.

Se você leitor, pensa que é só em Cruzeiro que os motoristas dão seta para a direita e entram à esquerda, dão seta e não entram para lado nenhum, não dão seta e entram subitamente para esquerda ou direita, venham passear em BH e verá que aqui isso é absolutamente normal.

Outro fato interessante: imagine uma via expressa com três pistas, sem acostamento. Agora imagine que você está na pista da direita (próxima ao guard rail). Por ser uma via expressa, você está a 80 km/h (velocidade máxima). De repente, o carro que está na sua frente simplesmente pára na pista e abre a porta para que um passageiro atravesse para o outro lado. Assustou? Imagine eu, que não sabia deste “descalabro transital” (gostou da invenção) e quase entrei na traseira de um desses pseudomotoristas. Mas isso é normal em BH. Então vai uma recomendação quando estiver dirigindo aqui, jamais utilize a faixa da direita (a não ser, é claro, que tenha algum passageiro para desembarcar junto ao guard Raí...rsrsrsrsl).

Quer mais? Então vamos lá: Você está na pista da esquerda e precisa entrar na próxima esquina à direita. Se você der seta para a direita para sinalizar que precisa entrar, os motoristas pisam forte no acelerador para não deixarem você fazer isso, não adianta sinalizar com as mãos, esbravejar, eles correm e fecham você mesmo. A solução é olhar no retrovisor, e se der uma brecha entrar com tudo. A seta você dá quando já estiver na pista desejada. Vão buzinar (motorista mineiro adora buzinar, nunca vi!), você ouvirá com certeza algumas palavras não muito elogiosas à sua genitora, mas conseguirá finalmente entrar na esquina desejada.

E finalmente, não cometa o mesmo erro que eu. Se o seu carro tiver placa de Cruzeiro, DEFINITIVAMENTRE NÃO CIRCULE EM BELO HORIZONTE. Os cruzeirenses mais fanáticos (refiro-me aos torcedores do time) tentarão se apossar da placa do seu carro como souvenir.

E se começar a receber (de graça), fechadas, buzinadas, sinais de farol, e gestos indecorosos com um dos dedos das mãos apontado verticalmente para você, esteja certo, possivelmente ali estará ali um atleticano de olho na sua placa e associando imediatamente o nome da cidade com o time adversário.

O antídoto para esses casos é colocar no vidro traseiro do carro, um adesivo do Atlético e outro do Cruzeiro, costuma funcionar, na pior das hipóteses uma faixa enorme escrito:

POR FAVOR, DETESTO FUTEBOL!!! CRUZEIRO É SÓ O NOME DA CIDADE!!!