terça-feira, 21 de maio de 2013

TRIBUTO AO MEU AMIGUINHO FRITZ

E assim aconteceu...
Um dia, do nada, você aparece.
Meio desorientado, assustado, sem entender direito o que acontecia à sua volta, você investiga cada canto da sua nova casa.
Não estava acostumado com os espaços confinados comuns em apartamentos, estranhou a falta de espaço...
Habituado com a liberdade das ruas, você era obrigado a descarregar suas energias correndo pelos cômodos, subindo nas janelas e pulando do chão para o sofá e do sofá para o chão, freneticamente.
Sem as árvores de cascas ásperas para amolar suas unhas, não lhe restou outra alternativa a não ser utilizar o sofá, e aí você fez sua primeira travessura.
Depois, suas repetidas incursões pela janela da sala e da área de serviço acabaram por comprometer as malhas da rede de proteção e você quase nos matava de preocupação, quando colocava a metade do corpo para fora, sem medo daquela altura do terceiro andar.
Depois apareceu um intruso na casa. Um peixe que ficava nadando o dia todo e chamando sua atenção. É claro que, como um legítimo representante da raça felina, você era louco por peixes.
Bastou um descuido e você, não porque estivesse com fome, mas aguçado pelo seu instinto de caçador, acabou tirando o peixe do aquário. A consequência não foi das melhores, mas nós o isentamos da responsabilidade. O instinto falou mais alto, e no seu caso nós entendemos.
Mas por que falar somente das suas travessuras, se temos tantas coisas mais interessantes para comentar, não é mesmo?
Que tal falarmos do torneio de perseguição aos insetos invisíveis, em que você era sempre o campeão com absoluta invencibilidade?
Ou das jornadas de caça às bolinhas de papel que você, com aquele seu miadinho característico de felicidade (que soava como um grito de guerra), saía em desabalada carreira “cantando pneu” no piso para demonstrar seu “poder de aceleração”?
Você se lembra de quando começou a trazer as bolinhas de volta para a gente jogar de novo? Foi uma emoção fantástica (embora você estivesse com ares “caninos”), desculpe a ofensa!
Mas você, como sempre se superou, inovou pegando a bolinha e colocando-a dentro da bota, dentro do sapato (e isso foi absolutamente notável, pois foi um fato inédito digno de ser registrado).
Mas o interessante era quando você esticava as orelhinhas e o bigodinho e já ia para a porta da sala esperar o seu súdito-mor (Allen), mesmo quando ele ainda estava abrindo o portão da garagem.
Sabe, Fritz, confesso que em algumas oportunidades tive ciúmes de você. Você acabou se tornando uma “sombra” da sua mãe (ou avó) humana, a Rita. Mas o que mais me deixava enciumado, era que você se recusava a dormir em outro lugar, a não ser na cama, com ela. Esperava até de madrugada para ir dormir e somente ia para o quarto quando ela decidia dormir.
Ela ia para cozinha, você ia atrás, ela ia para sala, você a seguia, e ela voltava, você voltava junto.
Você a ajudava a lavar as roupas (supervisionando o serviço sentando sobre a máquina), a limpar o chão (testando se ele estava liso), a passar roupa (quase se sentando em cima do ferro).
Prestava ainda um grande serviço para nossa saúde, evitando acúmulo de água (dentro da mangueira do chuveiro), quando pulava no chuveirinho fazendo a água cair (para você beber).
Sem falar das vezes em que você enxugava o lavatório do banheiro com seus pelos.
Agora, o que mais impressionava era seu senso se limpeza, sua higiene.
Bastava alguém deixar a escova em cima do lavatório que lá ia você escovar seus dentes, rotina disciplinada e diária!
Não vamos falar sobre as favelas de caixas que você adorava, pois aquilo, de fato deixava a sala muito feia.
Mas o seu metrô era demais ! LMF (Linhas Metroviárias do Fritz), com o vagão todo decorado com desenhos multidisciplinares de diversos autores. E você era o único passageiro autorizado a entrar nele.
E os apelidos, “Linduro”, “Reizinho”, “Nenego”, e os sachês deliciosos que você comia até não aguentar?
Legal também era você medir a profundidade da água do balde com as patinhas, antes de colocar a linguinha para beber. Molhava a cozinha toda, você se lembra?
Ah Fritz! Nunca mais comerei um iogurte sem me lembrar de você. A gente sentava no sofá e você já ficava esperando para lamber o potinho (mas não gostava de iogurte diet).
Comer mosquitos era bom, mas ciriluia era melhor, apesar de que a gente tinha que ajudar nas caçadas.
Sabe Fritz, quando eu me recordo dessas coisas, a minha vontade incontrolável de chorar e o nó que aperta minha garganta, fica um pouco amenizado.
Quando eu me recordo de quanta coisa a gente viveu junto neste apenas um ano que você ficou conosco, vejo o quanto você foi importante nas nossas vidas (eu sempre soube disso!).
Vou sentir saudade do seu focinho molhadinho tocando meu nariz.
Vou sentir saudade de ter você nas manhãs, roçando minha perna e pedindo carinho.
Vou sentir falta da sua “carinha de ursinho” me olhando nos olhos e dando aquela “piscadinha lenta”.
Vou sentir falta de olhar da rua, a janela da sala.....e não ver você.
Mas sabe, Fritz, não vou ficar reclamando não.
Você é tão especial, que “Papai do Céu”, convocou você para uma missão especial no outro plano. Lá, com certeza, você estará alegrando outros humanos (desencarnados como você).
Vai lá, mostre para eles o que o “Reizinho” sabe fazer.
Mostre para eles, o seu poder de proporcionar alegria, descontração e felicidade.
Mostre para eles, “Nenego”, o quanto de luz você irradia com sua aura boa.
Mostre para eles o que é o amor na sua essência mais pura.
Mostre que você é o Fritz von Chucrute Arruda.
E me espera.......um dia a gente ainda vai se encontrar de novo.





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