Manhãs pardacentas envoltas em brancas brumas que ora ofuscam, ora espairecem.
Névoas que sobrevoam o éter invadindo sem escrúpulos o âmago de uma mente ébria.
Devaneios doentios e amargos que insistem em macular minh’alma ainda vulnerável não obstante o passar dos anos.
Pensamentos a refletir ecos de décadas que se foram, a me torturar como parasitas mentais, remexendo no mais profundo de meus sentimentos.
Estado de alma febril a clamar pelo impossível, a cobrar o inatingível, na ânsia insana desta busca abstrata.
Lágrimas represadas insistem em marejar os olhos, inundando meu rosto de sulcos fervilhantes de recordações, que escorrem e molham meu peito marcado pela dor.
Devaneios doentios e amargos que insistem em macular meu coração ainda machucado e dolorido, não obstante o passar do tempo.
Aspectos de uma vida vivida e sofrida tão intensamente, marcando a ferro e fogo toda uma existência ...
Como se a vida se incumbisse de fotografar aqueles momentos e de tempos em tempos me mostrasse a foto, transportando-me no tempo e no espaço, a reviver os momentos vividos.
Os mesmos cheiros, os mesmos sons, as mesmas cores, a mesma atmosfera...
O calor do seu hálito morno a acariciar meu rosto, suas pequenas mãos a tocar meus cabelos, sua voz terna a sussurrar nos meus ouvidos...
Fantasmas de um tempo vívido e ao mesmo tempo sombrio, maculado pela dor de um triste epílogo, naquela plataforma repleta de anônimos transeuntes.
E chegamos ao fim...
Um sino, um apito, o ronco da G-12. Mãos se acenando, lágrimas escorrendo, coração sangrando, peito arfante, pernas cambaleantes, desespero estampado no rosto !!!
E o fim...
Devaneios doentios e amargos que insistem em dilacerar meu peito ainda não cicatrizado, não obstante o tempo implacável que já fez passar duas décadas.
Plataforma, trilhos, apitos, sinos, ranger de rodas, adeuses, lágrimas, e o trem sumindo na curva...
O fim ....
O cruel e inevitável fim ....
Ficaram as marcas desse tempo que se foi ....
“Não quero ficar na sua vida...como uma paixão mal resolvida...” já dizia o poeta.
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