terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A "canadense" estranha

Sempre gostei de locomotivas !

De todas, sem exceção, embora tivesse (e ainda tenha) verdadeira fascinação pelas locomotivas a vapor.

Conhecia todas (sempre pelos apelidos), fazia questão de apreciar cada uma delas, cada qual com seu atrativo próprio, suas características principais, seu “traço de personalidade marcante”.

Na época que relato (década de 70), as principais locomotivas da Central do Brasil eram “ RS-3”, locomotivas eletrodiesel do estilo “Road-Switcher”, do fabricante americano de nome “ALCO” (American Locomotives Company), porém com um detalhe importante, estas foram fabricadas por uma sucursal da “ALCO” no Canadá, a “Montreal Locomotives Works”, por isso receberam, aqui, o apelido de “Canadenses”.

A “Canadenses” RS-3 era linda ! cabina com linhas arredondadas, um barulho todo peculiar do seu então possante motor de GE de 1600 HP (normalmente aspirado).

Foram as primeiras locomotivas com truques de rolamentos adquiridas pelo Brasil, pois até então, suas antecessoras eram dotadas de mancais de bronze lubrificados.

As “Canadenses” tracionavam todos os cargueiros da “Central”, muitas vezes em composições dúplex ( duas máquinas ) e até mesmo triplex ( três máquinas ).

O mais importante, porém, é que estas máquinas puxavam o Trem Expresso que nos transportava até Itatiaia, nas nossas férias de fim de ano.

Esperávamos o ano todo por este passeio e aquela buzina grave das Canadenses, passando em frente à nossa casa, com o trem expresso diurno, nos lembrava que teríamos um dia a menos a esperar pela tão esperada viagem.

Um dia, sentado às margens da linha, fui alertado por uma cena que me chamou muito a atenção...

Uma “Canadense de cara quadrada” com cabina em ângulos retos, uma interessante chaminé afunilada e formas totalmente diferentes da que conhecíamos, encontrava-se desviada, próximo à guarita do guarda-chaves.

Corremos para ver de perto a novidade e enquanto o trem se encontrava desviado, tivemos toda a oportunidade do mundo para “curtir” a máquina. Analisamos cada diferença, cada detalhe e ficamos encantados com aquela “Canadense diferente”. Nunca mais nos esquecemos deste dia !

Hoje sei que tratava-se da antecessora da RS-3, era uma das RS-1.

Esta locomotiva, também da Montreal Locomotive Works, chegou ao Brasil em 1943 e tivemos a feliz e rara oportunidade de presenciar uma de suas últimas aparições do ramal de São Paulo.

Como eu gostaria de ver novamente uma RS-1. Será que ainda existe alguma preservada por estes “cantões” do meu Brasil ??

Nenhum comentário: